reportagens, propagandas institucionais e publicações científicas é um fato
característico nos dias atuais. Embora historicamente associada à veracidade de
informações (“ver para crer”), a credibilidade em registros fotográficos está sendo
rapidamente corroída pela evolução e popularização de técnicas de manipulação
utilizando recursos da tecnologia digital. Os danos causados a pessoas e instituições
por imagens alteradas e as possíveis dúvidas sobre a integridade de autenticidade e
veracidade de provas imagéticas em tribunais oportunizam a especialização de analise
forense de fotos, que é a busca por indícios e evidências de fraudes em fotografias.
1. Fotografia
A fotografia surgiu no século XIX como resultado da conjugação da técnica e arte. O
caráter de prova irrefutável do que realmente aconteceu, atribuído à imagem
fotográfica pelo pensamento da época, transformou‐a num duplo da realidade, num
espelho.
No plano público a imagem fotográfica foi associada à identificação. Passou a figurar,
desde o início do século XX, em identidades, passaportes e os mais diferentes tipos de
carteiras de reconhecimento social. No âmbito privado, através do retrato de família, a
fotografia também serviu de prova. O atestado de um estilo de vida e de uma época
perfeitamente representada através de objetos, poses e olhares.
Por muito tempo esta marca indelével de realidade foi atribuída à imagem fotográfica,
sendo seu uso ampliado ao campo das ciências dos mais diversos aspectos, desde a
entomologia até os estudos das características físicas de criminosos, a fotografia foi
utilizada como prova infalsificável.
Mas será a fotografia uma cópia fiel do mundo e de seus acontecimentos como
concebia o pensamento dos oitocentos? Constata‐se que a fotografia pode ser
manipulada, ferindo sua autenticidade, ou sua informação contextualizada
erroneamente em algum acontecimento específico, prejudicando sua veracidade. A
imagem não fala por si só, é necessário que as perguntas sejam feitas, ver não significa
mais crer.
Como a democratização da tecnologia digital tornou‐se fácil e trivial a manipulação
convincente de fotografias. Isso representa uma ruptura na antiga credibilidade
poderosa que as fotos possuíam. Porém, mostraremos nesse trabalho que não só as
contemporâneas fotografias digitais são fruto de críticas sobre autenticidade e
veracidade, como também as antigas baseadas no filme.
2. Autenticidade e Veracidade
A autenticidade diz respeito à geração de um documento e às qualidades que o
legitimam para que ele possa exercer a plenitude de sua função probabilística,
inclusive em termos forenses. Uma fotografia é considerada autentica quando
apresenta qualidade de pureza em suas características físicas, ou seja, após ser gerada
não sofreu nenhuma espécie de intervenção adulteradora.
Porém, a autenticidade não garante a veracidade. A veracidade permeia os aspectos
referentes à informação e contexto da fotografia em relação aos fatos reais. Logo, a
autenticidade e veracidade são fenômenos documentais independentes.
Quando, por exemplo, uma fotografia não sofre manipulação imagética, ela será
autêntica, mesmo que parte de sua informação, ou a contextualização de suas
informações não seja verídica e consonante aos fatos. Por outro lado, quando uma
fotografia é alterada, configurando‐se perda de autenticidade, não prova
necessariamente que houve adulteração maliciosa em termos de veracidade à
informação imagética porque é possível, inadvertidamente, salvar uma imagem
alterando a formação original de pixels depois de visualizar com um software de
edição.
3. Analise Forense de Fotografias
Os danos causados a pessoas e instituições por imagens alteradas e as possíveis
dúvidas sobre a integridade de provas em tribunais criaram uma especialização na
forense, a busca por indícios e evidências de fraudes em fotografias.
3.1 Técnicas de analise forense de fotografias
O esforço realizado para identificar manipulações visa aumentar o custo das fraudes
em imagens e, consequentemente, torná‐las inacessíveis para a maioria das pessoas.
Existem técnicas que podem ser aplicadas em análises forenses que operam sem a
necessidade de “assinaturas” digitais ou outra dependência de equipamentos de
captura. Estas técnicas trabalham com a hipótese que as fraudes podem
eventualmente não apresentar sinais visuais que imagens foram alteradas, mas que
sempre modificam as características estatísticas do registro da imagem.
A seguir, algumas técnicas forenses que identifica a manipulação de imagens:
1. Modelo da câmera, que explora as características exclusivas produzidas por
lentes, sensores e processamento pós‐captura; 2. Características físicas, que analisa anomalias em interações tridimensionais
entre objetos, luz incidente e a câmera; 3. Geometria dos componentes da imagem, que trabalha com medidas dos
objetos e a sua posição relativa à câmera. 4. Análise de pixels, que detecta anomalias estatísticas introduzidas por
componentes básicos da imagem; 5. Formato, que utiliza correlações estatísticas introduzidas por um esquema
específico de compressão com perdas;
4. Principais técnicas de adulteração de imagens
Clonagem: quando porções de uma imagem são utilizadas para ocultar ou duplicar um
objeto presente na foto. É uma das formas mais comuns de manipulação e, quando é
bem feita, dificulta a sua detecção visual. Como as regiões clonadas podem ser de
qualquer tamanho e forma, é praticamente impossível analisar todas as possibilidades
por meios computacionais.
Rearranjo: Para criar uma composição convincente, freqüentemente é necessário
redimensionar, girar, esticar ou estreitar porções de uma imagem. Por exemplo, na
figura abaixo a imagem da pessoa que migrou para o topo da pirâmide foi reduzida
para criar uma sensação de profundidade e manter a simetria. O processo de
redimensionamento da imagem introduz uma correlação periódica entre os pixels
vizinhos, que não ocorre naturalmente, e a sua presença pode detectar
especificamente esta manipulação.
AUTENTICA MANIPULADA
Nesta manipulação foram utilizados procedimentos de clonagem (fundo) e rearranjo (a pessoa
localizada na direita da fila de cima migrou para o topo) para criar uma imagem simétrica.
Combinação: Quando partes de dois ou mais originais formam uma única imagem.
Quando este trabalho é realizado com cuidado, as bordas entre as regiões combinadas
podem ser imperceptíveis visualmente, mas corrompem as relações entre os valores
estatísticos da imagem, que podem ser utilizados para detectar a fraude.
5. Alguns casos analisados pelo grupo no dia da oficina
5.1 Manifestações
Fotos de celebridades manipuladas digitalmente em favor das manifestações no Brasil.
Não é autentica e não é verídica.
5.2 Poder militar da Coreia do Norte
Fotos de exercícios militares da Coreia do Norte foram alteradas digitalmente atesta agência londrina. Não é autentica e não é verídica.
5.3 Comoção Coreia do Norte
Governo norte‐coreano adulterou fotos para gerar comoção internacional. Não é
autentica e não é verídica.
5.4 Mísseis no Irã
Não é autentica e não é verídica, embora o lançamento de mísseis seja fato, o
acréscimo de mísseis na imagem objetiva demostração de poder.
5.5 Último resgate em Saigon
Foto considerada falsa por se passar como o último helicóptero para deixar Saigon.
Este é um complexo de apartamentos, 12 horas antes do último helicóptero deixou
Saigon da Embaixada dos EUA. Autentica e não verídica, foto sem manipulação, mas
foi atribuído um outro contexto para a foto.
5.6 Atentado em Boston
Não é autentica, mas é verídica. Manipulação não altera o principal contexto da foto.
5.7 Monstro do Lago Ness
Em 1994 foi revelado que a foto na verdade mostra um submarino de brinquedo
vestido com a cabeça de uma serpente do mar. Foto autentica, mas não é verídica.
5.8 Manipulações Feitas por Stalin
A foto original está e que inclui Joseph Stalin, Nikolai Yezhov, e Leon Trotsky. Stalin,
Trotsky tinha tirado a fotografia na segunda imagem para fins de propaganda, negando
qualquer associação entre os dois. Isso muda completamente a mensagem do
ima ge. Depois Yezhov foi executado, alguns anos depois, ele também foi editado fora
desta fotografia, portanto, o que implica que ele não existia em afiliação com Stalin.
Foto não autentica e não verídica.
6. Referências
A.C. Popescu e H. Farid, “Exposing digital forgeries by detecting duplicated image
regions”, Dept. Comput. Sci., Dartmouth College, Tech. Rep. TR2004‐515, 2004.
http://www.cgsd.com/papers/gamma_intro.html, 2009. Digital Camera Sensors
H. Farid e S. Lyu, “Higher‐order wavelet statistics and their application to digital
forensics,” em Proc. IEEE
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